Sinopse:
Isabel e Afonso vivem, aos olhos de todos, o casamento perfeito, completo com a pequena Sofia. Mas à medida que Afonso se revela cada vez mais dominador e violento, Isabel descobre que o conceito de amor do marido é muito diferente do seu – para ela, cuida-se de quem se ama. Quando a escalada de violência de Afonso toma proporções insustentáveis, Isabel vê-se obrigada a utilizar todos os meios para se defender a si e à sua filha mas, num momento em que ele surge tresloucado, ela perde o controlo da situação...
Nesta estória de amor e violência, a autora reflecte sobre as várias nuances do sentimento amoroso: o amor próprio, o amor aos outros e, afinal, quais são os limites para se poder dizer que o que se faz é por amor. O título remete-nos, logo à partida, para a ténue linha que separa o certo do errado sendo, ao mesmo tempo, uma afirmação e uma interrogação.
Biografia:
Cristina Das Neves Aleixo é natural do Barreiro, onde cresceu. Já adulta, muda-se para Lisboa onde reside até hoje.
Exerceu as profissões de escriturária, recepcionista, tradutora, assistente de direcção, chefiou departamentos, foi empresária; brincou com a locução de rádio e aos modelos fotográficos e publicitários; mas a escrita é que a completava, desde muito cedo.
Tem formação em escrita criativa.
Diz que, para si, escrever é como respirar: uma necessidade. Diz que talvez sejam os genes: é prima de António Aleixo.
Publicou o seu primeiro livro, "Joaninha e o jardim encantado", com a Capital Books em Maio de 2015. Nele, a autora alerta as crianças, e também os adultos, para os valores da diversidade e da amizade.
Opinião
Quem me conhece, sabe que eu dou imenso valor à empatia que crio entre mim, os livros e as história que estão encerradas nas suas páginas, por isso, é importante referir que toda e qualquer opinião que eu faça vai de encontro ao que o livro me fez sentir, bem como a forma como mexeu com as minhas entranhas.
"Por amor, tudo (?)" não é, de todo, um livro fácil de ler. Apesar do seu curto número de páginas, a história narrada por Cristina das Neves Aleixo não é nada de rápida digestão, principalmente se o leitor for uma mulher.
É assustador pensar que a violência doméstica é um tema que cada vez mais se encontra presente na nossa sociedade, podia dizer nas famílias, mas toda a gente sabe que violência doméstica sempre existiu, não exista era a exposição que hoje em dia temos.
Isabel é uma mulher feliz que vive um casamento aparentemente normal e semelhante ao chamado mar de rosas, até ao momento que Afonso difere a primeira bofetada.
A vida da nossa protagonista é uma constante montanha russa de emoções, ora há uma certeza de que a ruptura é iminente e a única solução para salvar a sua vida e a da sua filha, ora há uma vontade crescente de ficar com Afonso e acreditar que todas aquelas manifestações de violência são apenas atos reflexos provocados pelo stress.
Acredito seriamente que este livro é o espelho perfeito do percurso que algumas mulheres/homens fizeram até encontrarem refúgio ou morrerem.
Nota-se perfeitamente que autora esteve em contacto directo com vitimas de violência doméstica e que através da sua experiência em ouvir estas histórias horripilantes conseguiu pôr por palavras todas as fases, momentos e pensamentos que lhes foram passando pela cabeça. Há imensas "Isabeis" por este mundo e nem todas encontram coragem para pegar nas suas coisas e filhos e abandonar o lar e, por isso, muitas das vezes o desfecho para estes verdadeiros contos de terror é a morte.
O sentimento de vergonha e inutilidade chocou-me, não só por saber perfeitamente que existe realmente quem se sinta/pense assim, mas porque é completamente assustador pensar que estas vítimas suportam dias, meses e anos de dor só para não admitir para uma sociedade demasiado julgadora que o seu casamento falhou ou que se casou com um perfeito monstro.
O desfecho destas histórias é quase sempre o mesmo, infelizmente, mas este livro apresenta um final que faz o leitor refletir e questionar-se sobre o que será justo: ripostar ou deixar-se morrer.
"Por amor, tudo (?)" ,tal como o título indica, é um livro de introspecção e exposição que pretende criar no leitor um sentimento crítico que o faça perceber que não pode simplesmente ver/saber e passar ao lado como se não tivesse nada a dizer ou a ver com isso porque quem sabe também passa a ser responsável pelo desfecho daquela pessoa.
Gostei muito do livro, não o esperava, mas não pude ficar indiferente. A escrita da autora é fluída, o livro está bem escrito e oferece tanto a perspectiva do atacante como a da vítima o que permite que quem está a ler consiga compreender ambas as personagens e faça os seus próprios juízos de valor sobre as suas atitudes.
Para finalizar, gostaria só de dizer que é de louvar que haja pessoas com contacto direto com esta realidade que se preocupam em deixar sair para fora das 4 paredes o que realmente acontece e como as coisas efectivamente se vão desenrolando numa relação abusiva e da qual parece ser quase impossível sair.
Aproveito para relembrar que a 0,50€ do valor de venda do livro reverte a favor da APAV, não fiquem indiferentes!
Obrigada pelas amáveis palavras, Ana. Fico extremamente feliz por constatar que os meus objectivos, enquanto autora, foram conseguidos. Um beijinho.
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