Opinião/Review - O Príncipe Cruel de Holly Black - Topseller



Sinopse

Passaram dez anos desde que Jude e as irmãs foram raptadas pelo assassino dos seus pais e levadas para Faerie — o reino das fadas. Jude sente um verdadeiro fascínio pela beleza destes seres mágicos e imortais, mesmo sabendo que também são malévolos e impiedosos, e continua a sonhar em pertencer a este mundo encantado.

Mas o povo das fadas despreza mortais e, para se tornar cavaleira e receber um lugar na Corte, Jude tem de arriscar a sua mortalidade e desafiar o príncipe Cardan, o filho mais novo e mais cruel do Rei Altíssimo. O príncipe odeia Jude e tudo fará para se ver livre dela. Tudo!

É então que Jude se envolve nas intrigas e atividades de espionagem do palácio, acabando por descobrir o seu próprio talento para derramar sangue. E quando o seu sonho está prestes a tornar-se realidade, o destino de Faerie fica por um fio, obrigando Jude a fazer uma inesperada e perigosa aliança para salvar as irmãs e o reino que tanto a rejeita.

As fadas não são de confiança,
Mesmo quando dizem a verdade…

Opinião

O "Príncipe Cruel" de Holly Black foi uma agradável surpresa e rapidamente se tornou numa leitura compulsiva que fui incapaz de largar até o terminar.
Para quem não está habituado às narrativas excessivamente descritivas de mundos, reinos ou criaturas místicas poderá encontrar nesta estória alguns entraves, uma vez que, se encontra recheada de descrições extensas, ricas ou horripilantes que permitem ao leitor uma experiência de exploração sensorial de todos os espaços, acontecimentos e criaturas.
Holly Black deita por terra todas as ideias preconcebidas que podemos ter sobre os seres mágicos que habitam Faerie. Aquilo que pensei ser uma terra de magia e beleza revelou-se um enredo de traição e conspiração.
Os destinos das personagens entrelaçam-se ao longo da narrativa de uma forma que nos vai sendo desvendada pouco a pouco através de pequenos pormenores que a autora vai escondendo aqui e ali com o intuito de despertar o nosso sentido crítico e capacidade de inferência. Para os mais distraídos, alguma informação, poderá passar ao lado e surpreender à medida que o véu vai sendo levantado, no entanto, para o leitor mais experiente esta será a confirmação das suas desconfianças.
As personagens são misteriosas e a autora consegue provocar-nos vários sentimentos relativos à sua presença.
Jude é destemida, no entanto, a sua imaturidade poderá sair-lhe cara. A sua capacidade táctica e estratégica surpreenderam-me bastante. Injustamente retirada ao mundo mortal, não se deixa intimidar pelos seres mágicos que a perseguem na escola devido à sua condição mortal.
Cardan é uma personagem bastante intrigante, inicialmente achei-o puramente maléfico, mas à medida que me fui embrenhando na estória, essa primeira impressão foi-se dissolvendo e fui-me encantando pelo seu interior espinhoso.
Juntos são um desastre, odeiam-se na mesma conta e medida, mas é impossível não sermos conquistados pela forma destemida com que Jude lida com estes sentimentos e Cardan se finge impassível simplesmente para a irritar e desafiar ainda mais.
Madoc foi sem dúvida uma das minhas personagens favoritas devido à sua dualidade. Creio que luta até contra si mesmo além do campo de batalha. A sua personalidade sanguinária aliada à sua tentativa de parecer um pai extremoso torna fácil o crescendo de ódio e admiração que o leitor poderá sentir ao se perceber da sua inteligência e vulnerabilidade.
As restantes personagens secundárias dividem-me, se por um lado as acho totalmente necessárias, por outro lado encontro duas ou três que podiam simplesmente nem existir quanto mais dialogar e interagir com as restantes.
Há imensa informação que podia ter sido parcialmente omitida ou suprimida, no entanto, compreendo que este livro no seu ato introdutório a esta trilogia beneficia, em parte, desta excessividade.
"O Príncipe Cruel" parece-me um título um tanto ou quanto enganador. Terminei o livro a questionar-me quem afinal merece este título de "Cruel", no entanto, creio que terá sido exactamente essa a intenção da autora, confundir-nos e fazer-nos repensar vezes sem conta quem merece ser aclamado como sendo cruel e quem no fundo será coroado como vilão desta estória.
A edição publicada pela Topseller é extremamente bonita, cheia de pequenos apontamentos florais no início de cada capítulo que, mais uma vez, iludem o leitor para que este sinta que vai entrar num verdadeiro conto de fadas cheio de magia, doçura e lealdade.
Este livro foi fenomenal e mal posso esperar pela sua continuação!


Sem comentários:

Enviar um comentário