Opinião - " Todos os caminhos" de Clara Pinto Correia - O Castor de Papel

Boa noite Novelitos, hoje trago-vos uma opinião!




Sinopse

Estar sozinha na Califórnia, podia ser uma tortura ou uma aventura, e eu sabia perfeitamente que isso só dependia de mim.
Não era propriamente a América que poderia apanhar-me de surpresa depois de lá ter vivido tantos anos que chegaram ao ponto de me darem maridos e filhos. 
E muito menos os americanos...

Opinião

Quando iniciei a leitura deste livro, não sabia muito bem o que esperar, a sinopse acaba por não levantar muito o pano e a própria capa acaba por suscitar imensas interpretações, assim sendo, posso dizer que parti praticamente às cegas para esta leitura.
À medida que fui virando as páginas pude aperceber-me que este livro não é para qualquer pessoa, principalmente pelo registo escrito que a ele está associado, isto é, se (como eu) gostam de ler histórias romanceadas e com as características típicas de um texto narrativo tenho a certeza que este livro não é para vocês. Senti que a leitura não fluiu tão bem quanto esperava, apesar de encontrar uma escrita rica, por vezes metafórica, e cuidada com a apresentação de conteúdo cultural associado à literatura, nomeadamente a referência a várias obras reconhecidas que poderão incentivar ou interessar ao leitor ávido, a ausência de diálogos e de pequenas quebras textuais acabou por transformar a leitura em algo demorado e bastante aborrecido.
"Todos os caminhos" é um livro reflexivo onde a autora nos apresenta uma descrição detalhada de momentos, sentimentos e decisões vividas e  tomadas pela protagonista da história sem que haja uma tentativa de aproximação com o leitor, isto é, enquanto está a ler, o leitor tem um visão bastante periférica sobre a vida da personagem e o que a rodeia, mas não tem a possibilidade de empatizar com a mesma ou entrar em pormenor na sua vida e na sua história. Senti a falta de personagens com as quais me conseguisse identificar ou fosse capaz de associar especificamente a cada momento narrado, a ausência da identidade das mesmas acaba por tornar a narrativa confusa.
Na minha perspectiva, a autora não quis apenas contar uma história, mas sim fazer transparecer algumas das preocupações que hoje em dia poderão estar no centro dos problemas que o ser humano se vê a enfrentar. A solidão, a busca do auto conhecimento e o amor estão retratados neste livro, mas não da forma que o leitor de romance espera e talvez por isso a leitura se torne mais complexa e acabe por requerer uma atenção redobrada para se saber ler nas entrelinhas.
Confesso que este livro não é, de todo, a minha leitura de eleição e talvez por isso  não me tenha despertado  interesse suficiente para procurar ler os próximos dois volumes desta trilogia, no entanto, posso-vos dizer que se procuram um livro mais profundo e autoreflexivo aliado a uma exposição do quotidiano com o qual provavelmente se poderão ou não vir a identificar, este é o vosso livro.





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