# 1- A minha experiência com...Benjamin Lacombe

Boa Tarde Novelitos :)

Hoje decidi que deveria falar um bocadinho sobre outra das minhas paixões: a ilustração de livros infantis. Como alguns de vocês sabem, encontro-me neste momento a frequentar o Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico e, por isso, estou constantemente em contacto com livros para os mais novos (não querendo porém dizer que quem está noutras áreas não tem o mesmo contacto ou até mais, acalmem-se).

Ao longo dos anos fui aproveitando cada aula de uma das minhas docentes porque simplesmente era uma biblioteca ambulante, acreditem em mim, ela tinha de tudo, em todas as línguas, feitios, materiais, enfim o sonho de qualquer Professora/Educadora. Foi também ela que me proporcionou o primeiro contacto com este ilustrador francês.

Benjamin Lacombe não é um artista para qualquer olhar, como em tudo na vida há quem goste e há quem deteste, eu pessoalmente adoro. Gosta da forma como dá um sentido mais obscuro aos contos que tantas vezes ouvimos, adoro a pormenorização de cada ilustração, do cuidado em torná-las únicas ao ponto de passarmos por uma livraria completamente cheia e sermos capazes de dizer "Olha é do Lacombe". Fico completamente maravilhada cada vez que tenho a oportunidade de pegar num livro dele, livros esses que cá em Portugal são raros até porque só saiu a adaptação da Branca de Neve (versão dos irmãos Grimm) e para grande pena minha não se avizinham futuras traduções.

Os livros de Lacombe custam-nos os olhos da cara, é muito difícil encontra-los a menos de 17€, no entanto, posso garantir-vos que se os comprarem não se vão arrepender porque o próprio ilustrador exige que o livro seja cosido e que a qualidade do papel nunca fique abaixo do dito papel fotográfico, também é frequente encontrar papel vegetal ou textural.  

Posso dizer, orgulhosamente, que tenho 2 livros ilustrados por este senhor: A Branca de Neve da Paleta de Cores e o Ondina (em castelhano) da editora Edelvives.
 O que torna estas composições tão apaixonantes é a capacidade que o ilustrador tem de nos fazer acreditar que até a história mais simples, infantil ou romântica também pode ter uma representação mais próxima do que poderia ser a tradicional ilustração de livros de escritores como Edgar Allan Poe, macabro, sombrio, arrepiante e arrebatador.
Benjamin Lacombe trabalha com aguarelas, pintura a óleo, guaches ou grafite e a sua inspiração parte do movimento pré-Rafael e do Quattrocento Italiano.
Sem mais demoras vou mostrar-vos algumas das ilustrações dos livros que tenho na minha estante, mas sugiro que façam uma pesquisa e procurem por mais obras de Lacombe afim de se deliciarem com o seu trabalho, afinal quem consegue tornar os Contos do Macabro de Edgar Allan Poe ou o Corcunda de Notredame, duas obras completamente opostas e normalmente associadas a faixas etárias também diferentes, em algo aceitável e apreciável para qualquer idade merece ser valorizado.

• Branca de Neve: Adaptação do conto adaptado e escrito pelos Irmãos Grimm

Esta é a ilustração mais conhecida desde livro, até porque está representada na capa e contracapa do livro. Benjamin Lacombe tem por hábito apresentar-nos capas e contracapas que se completam, funcionando quase como uma dupla página, quem já tem por hábito ler ou coleccionar livros infantis sabe que é uma das características do género. As capas são sempre cartonadas ou como se diz em inglês Hardcover, sendo por isso difícil estragar o livro a menos que aconteça algum acidente que consiga marcar a mesma, mesmo assim, acho difícil. Aqui não se consegue ver (esta ilustração aparece também no interior do livro sob a forma de dupla página), mas todo o papel (pelo menos o do meu livro) é texturado, rijo e muito brilhante, dando a sensação de que estamos a ver um quadro e não uma impressão.

Esta ilustração de uma página é uma das minhas favoritas e, a meu ver, é simplesmente fabulosa, desde as cores até à personagem em si. Lacombe é um ilustrador de pormenores, pormenores esses que em alguns casos nos consegue sugerir movimentos nas suas ilustrações e , esta é um exemplo disso, atentem no cabelo da personagem, até a própria água parece estar em movimento, principalmente quando se encontra com os outros corpos da ilustração.

Neste livro, especificamente, temos também a existência de ilustrações a preto e branco que apesar da ausência de cor, continuam a ser carregadas de pormenores e beleza, provando que às vezes até na ausência de cor se consegue fazer a diferença.

• Ondina:

Como podem verificar, agora sim em foto real, primam as ilustrações que se completam em capa e contracapa, a sugestão de movimento, a junção de cores e claro as linhas características do ilustrador.

Mais um exemplo de dupla página. É a minha ilustração favorita, ao vivo, é qualquer coisa de brutal parece mesmo que está a chover e que ela se encontra a segurar o seu manto para não se molhar.

E agora uma surpresa, perdoem-me se estão um bocadinho tortos, mas de momento não tinha uma máquina fotográfica que me ajudasse a manter o foco fixo. Decidi fazer 3 gifs, para que possam ver o que quis dizer quando falei nas folhas estilo papel vegetal que se sobrepõe e desmontam ilustrações.

Para finalizar só tenho a dizer-vos que se gostarem de ilustração e deste tipo em especifico, devem dar uma oportunidade a este ilustrador, a mim já me conquistou e espero que de certa forma também vos conquiste a vocês, mas lembrem-se os livros infantis por mais belos que sejam são para ser folheados pelo público ao qual estão destinados (graúdos e miúdos) e por muito que vos custe devem deixar os mais novos também mexer neles.

P.s: todas as ilustrações são da autoria do ilustrador Benjamin Lacombe e este blogue não tem qualquer direito sobre elas.