Opinião - "Um Pedacinho de Céu" de Julia Quinn - Edições ASA



Sinopse

Quem conhece Honoria Smythe-Smith sabe que, para lá das suas inúmeras qualidades, a jovem tem algumas… enfim… particularidades, nomeadamente:
1. É uma entusiástica (e péssima!) violinista 
2. Fica fora de si sempre que alguém diz "Bicho" 
3. NÃO está apaixonada (não está!) pelo melhor amigo do irmão.

Já Marcus Holroyd, conde de Chatteris, é o seu oposto. É um rapaz tímido e responsável, mais conhecido por:
1. Ser lamentavelmente dado a entorses do tornozelo 
2. Carregar o fardo de ser um dos solteirões mais cobiçados
3. NÃO estar (de todo!) apaixonado pela irmã do melhor amigo 

  Juntos…
1.São grandes amigos
2. Comem quantidades escandalosas de bolo de chocolate 
3. Sobrevivem ao pior espetáculo musical do mundo

  Julia Quinn tem para eles planos que incluem…
1. Uma febre mortífera 
2. Momentos (muito!) embaraçosos
3. Um final desesperadamente romântico


Opinião

Terminei este livro há coisa de 3 dias e ainda hoje me consigo rir das peripécias que me foram narradas. Nunca tinha lido nada de Julia Quinn e confesso que apesar de sempre ter lido maravilhas sobre a sua escrita e sentido de humor , sempre achei que por ser ficção histórica me iria aborrecer, no entanto, devo dizer-vos que este livro foi uma grande surpresa.
Poderia começar por falar da capa que não se consegue adjetivar com outra palavra que não seja "fofinha" porque de facto é uma capa muito amorosa, cheia de pormenores que acabam por se fazer notar durante a estória, achei muito interessante e importante que a editora se tivesse preocupado com coisas tão minimalistas e que acabaram por emoldurar o livro com elementos que lhe são tão intrínsecos, nomeadamente as notas musicais.
Contrariamente ao que esperava, Julia Quinn apresenta um narrativa sem qualquer "snobicidade", isto é, apesar de se passar numa época anterior à nossa, esta história contém expressões e trejeitos que usámos diariamente e para meu grande espanto a frieza que eu sempre senti nestes romances por haver um tratamento entre personagens através da invocação do "lady, você, milord" não se verificou e por si só já me fez gostar mais do livro.
Honoria Smythe-Smith precisa de se casar, mas aparentemente toda a gente foge a sete pés antes de sequer haver uma proposta. Será por ser uma péssima violinista que se encontra a participar num quarteto que toca horrivelmente mal ou será que haverá alguma coisa por trás de todas estas desistências? Bem, convido-vos a ler para saber! Confesso que me identifiquem em parte com esta personagem, principalmente por ela ter uma ligação tão forte com a família que não permite que ninguém abale a maior tradição desta, também não posso dizer que as artimanhas que ela foi realizando ali pelas festarolas do livro não seria de todo uma ideia que possivelmente também me passaria pela cabeça, mas devo dizer-vos que na sua matreirice, esta personagem é deveras uma mulher de armas ou devo antes dizer...de pá em punho.
Marcus teria sido a minha personagem favorita não fosse a sua constante indecisão em relação a avançar ou recuar na concretização do romance, se fosse mais altruísta e assertivo e não se cingisse apenas a promessas que fez no passado (inicialmente) acho que dificilmente encontraria um personagem masculino que me fosse tão querido e acima de tudo me fizesse rir a bandeiras despregadas. 
Adorei a química e a simbiose que estas personagens tinham entre si e acima de tudo adoro o facto de apesar de nem se aperceberem dos seus verdadeiros sentimentos, o destino se encarregasse de os encaminhar.
Achei a história da "febre mortífera" ligeiramente exagerada, mas também fiquei surpreendida com a descrição hospitalar e pré-ambulatória, típica da época, a autora conseguiu realmente criar na minha cabeça uma imagem bastante visual de tudo o que estava a ser feito, o que por sua vez me fez sentir toda e qualquer emoção que as personagens assistentes foram experimentando durante esses momentos de aflição.
Lady Danbury, que nome tão sonante e que personagem tão marcante. A destemida tetra-tetra-tetra (...) tia de Marcus que com a sua bengala e a sua capacidade dedutiva brilhante foi imprimindo uma mudança de ritmo na narrativa e justificando todas as alterações de ambiente e da própria relação. 
Não posso dizer porém que tenha gostado da mãe da amiga Cecily, achei uma personagem completamente dispensável, até para secundária estava estupidamente chata. A típica mãe que pretende casar a filha com qualquer um, desde que haja título, dinheiro e no fundo seja considerado um bom partido pela sociedade. Não gostei, não recomendo e sinceramente só tive vontade de entrar no livro e puxar-lhe as orelhas.
Relativamente ao final, esperava que o epilogo desse um salto ligeiramente maior para que se pudesse ter um vislumbre sobre o que estará por vir, afinal, "Um pedacinho de céu" é apenas o primeiro livro de um quarteto e eu estou extremamente curiosa para saber mais sobre esta família e este mundo que comecei a explorar finalmente com gosto.
Recomendo para quem gosta daquele romancezinho doce que não aborrece e é capaz de fazer o leitor rir às gargalhadas e ao mesmo tempo ficar de coração apertadinho enquanto espera que tudo acabe pelo melhor.
Julia Quinn conquistou-me e mal posso esperar para voltar a lê-la.




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